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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Nonsense

Faz-se uma careta quando a pia está dura de farinha e dá-se um sorriso porque do forno escapa um cheirinho de pão para ser apreciado na primeira hora da manhã. Muito bem, um nariz torto por um sorriso largo ou um sorriso largo por um nariz torto. Caminha-se até a sala para arrumar o sofá da noite anterior com filme de terror e Let It Be para terminar mais inspirado e encontra-se a carteira de cigarro parcimoniosamente administrada no dia anterior guardando no interior dez menos sete. Das lembranças de uma boa noite as desventuras de um acordar enviesado. E sem contar que esta-se sob uma temperatura ignorante de tão fria. Fala-se que viver no Sul é aprender a fazer a vida na geladeira ou mesmo dar um jeito e fazer um crediário de um aquecedor que supere a preponderância dos dedos congelados e outras extremidades avermelhadas. O calor da máquina corpos trabalhando para não parar com a própria existência. Resmunga-se até limpar a pia, até arrumar o sofá, até tomar dois copos de água (gelada ao natural), até se convencer que não vale nada brigar por sete "pregos a mais no caixão" como dizem por aí, até respirar-se os ossos e alegrar-se com o sol e saber que é segunda-feira e retomar as coisas é um sinal de gravidade já que estava-se há alguns dias num final de semana prolongado ou em férias antes das férias ou suspenso no tempo para continuar a gravidade que preocupa na segunda-feira... seria melhor terminar os trabalhos e começar uma segunda-feira com tempo para aquecer-se, simplesmente aquecer-se. Começa-se o trabalho na segunda e segue-se com todas as lãs disponíveis no guarda-roupas. A comida estragou porque o final de semana foi de idas e vindas de um para outro sítio, fazendo-se paradas no supermercado, sempre no supermercado - uma única excessão: parada na banca de revistas para comprar a ffw>>MAG e uma publicação (bem vagabunda, é verdade) com artigos de físicos e astrônomos (da década de 50 do século XX a maioria) e mesmo a cabeça compreendendo melhor os elementos químicos e as reações descobertos como inovação há cinquenta anos ficou difícil não pensar que aqueles dez reais poderiam ter sido mais felizes com um vinho razoável para analisar outros buracos negros, estrelas, supernovas e seja lá mais o quê que compõe esse UNIVERSO! Sentir-se um idiota, resumo da experiência! e insistir mais um pouco para chegar a conclusão de que nesses assuntos está-se mesmo: idiota! Vinhos, vídeos, vídeos, vídeos e comidas, comidas, cobertas, cobertas e água, água e corajosamente banho. Segunda-feira: muda-se de casa depois de sorrir e fechar a cara e comer pães e recolher todos os lixos da casa. Chega-se em casa e essa casa é a máquina mais fria que qualquer desejaria para começar os trabalhos da semana, os trabalhos do semestre, do ano... porque esse é o trabalho que será fabricado por vários dias e já está, como tudo na vida quando percebe-se que amassamos elementos que foram inovações há cinquenta anos atrás. "Nada se cria, tudo se transforma"!? Pois é, até mesmo um disco muda de figura quando escuta-se o trabalho da primeira a última faixa. E isso aconteceu. Começou-se uma audição com cara de mais ou menos e prestando-se atenção a coisa se fez bela!