Uns tempos que passam sem grandes consternações, outros mais comunicativos, ainda os fechadíssimos, irriquietos, dementes, os tempos de montagem no início do cinema, tempos recortados para produzir a narrativa próxima da coerência. Tempos clips de música, onde a música é o canal do movimento, tempo de filme contemporâneo onde se quebra a montagem e se monta uma espécie de memória, onde se misturam personagens mecânicos, cibernéticos, históricos, folclóricos, lendários, mitológicos, arqueológicos e por que não, genealógicos quando o filme se importa em fazer a criatividade discutir politicamente, embora eu acredite que toda a criatividade procura seu espaço de objetificação na e através dos contextos sociais e que não há um só movimento que escape de uma articulação política, mesmo quando há um esforço para “deixar a política fora disso”. Há uma diferença, nesse sentido, entre a política força, a política instituição, a política resíduo silencioso e resíduo explosivo. Há diferença entre a política em demagogia, em ideologia, em poder, em moral. Há diferença da política e da sua dobra e do seu limite. Há diferença nas potências de combate, de resgate, de encolhimento, aprisionamento, morrimento e etc, Diferença não é igual em todos os pensamentos: há diferença excludente e diferença somática. A excludente fala pelo relativismo centrado no eurocentrismo lógico, a somática fala por uma composição constante constitutiva. Ainda há diferenças dentro dos contextos de diferença e há junção de diferenças, atravessamentos, desabamentos, aprendizados, trocas, genocídios e etnocídios. Se há, como diz Foucault, o espaço das possibilidades que é demarcado e demarca as impossibilidades como lugar (existente) da não palavra, do não registro, da definição negativa, então há para o pensamento o caminho de buscar para traçar localizações várias, escrever as coisas, torcer as palavras e fazer outras coisas pelo exercício da abertura. E sobre as proteções... bem, somos mais ignorantes de nosso lugar que da vontade de entender o lugar dos outros, já escrevia Levi-Strauss na sua reflexão sobre o trabalho do antropólogo, no final de quatrocentas e tantas páginas: pois é, parece que o não julgar está inscrito no âmago da interação antropológica e o problema de julgar tem sua genealogia. Vejo a suas marcas religiosas, suas marcas de penalização. Julgar como ação não diz nada; para ampliar é forte buscar os acoplamentos. Realmente, estar em meio aos outros é perigoso para nós, pois faz desconstituição, faz confusão (no impacto) e a dúvida faz o entendimento sair do mesmo, da coisa fabricada e afirmada nos interstícios das relações. Aliás, não estarão as relações mesmas em estado de interstício?
sexta-feira, 1 de julho de 2011
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atravessamentos
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08:01
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