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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

X, as bebidas e o rock´n´roll

X anda preocupado. Não sabe ainda porque brigou na sexta-feira passada. Ainda assim, como acredita em si, espera que não tenha sido por nada. Alguma coisa aconteceu, mas o quê? Tentativa de reconstituição da cena da discussão. X bêbado num bar de uma cidade do interior. Encontros com muitos conhecidos de infância, outros não tão da infância e com desconhecidos. Entre os últimos, os seguranças do estabelecimento que o ameaçaram. Por que? O que foi dito? A bebida não deixa lembrar as coisas da cabeça e isso preocupa muito. Depois, nos dias seguintes, uma investigação sobre os seguranças, porque X estava realmente acreditando que tinha cometido um erro chato, porque isso era possível e como veremos, mesmo sabendo que os seguranças guardam um histórico de desavenças com violência gratuita, continua possível. O fato do outro lado brigante estar em outros contos de guerra, não modifica a dúvida, no máximo, explica a facilidade da disposição beligerante. 
E para X isso não deixa passar nada além, os acontecimentos aconteceram através de uma leve percepção de noite, chuvisqueiro, cervejada, rock´n´roll, amigos, conhecidos e seguranças prontos para partir para o ataque, aliás, não só prontos como ameaçadores. X ficou confuso porque também está para o ataque nos dias que os pensamentos fervem e ficam esquentando, perdidos, sem controle... aqueles dias que a consciência desliga do corpo e as palavras escorrem pela boca através de outra vontade, as palavras fazem o caminho da verdade e verdade, agride. Muitas vezes a verdade agride porque não é sutil e também porque fica muito tempo sendo pensada e dita através de meias palavras. A verdade quando sai na raiva da bebida fica uma verdade de vômito. E ninguém gosta de - porque fede, é nojento, ultrajante - tomar vômito de outros na cara! 
X é um homem tranquilo e respeitador. Procura banheiro púlbico para mijar quando a vontade vem na rua. Contudo X tem desvio na cabeça. Desvia para não permanecer no respeito paralizante, acrítico. X desvia porque quer outros caminhos e o desvio não é sempre positivo. Porque às vezes X pega desvio pesado demais e acaba perdendo a cabeça por aí. Deixando o próprio corpo mórbido e intoxicado por um dia inteiro. Um corpo que não pode se deixar tocar, porque está frágil e perceptivo demais. Um corpo que quase achou os pensamentos e que ainda está com o sentidos intensos de bebida. Confusão. Muitos sentidos e a pouca vontade de ir fundo para transformá-los em relações coerentes. É mais ou menos quando as relações acontecem violentamente, conectando alhos com bugalhos.
X cansou e não se arrependeu. Não matou ninguém, não apanhou e se deixou más impressões: assim ele é, assim também deixa que o vejam (mesmo que algumas situações sejam humilhantes). A grande questão é mesmo da quantidade: não ultrapassar o último (copo, gole, fio de discernimento).
Então foi e pegou o desvio errado. Acontece.