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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que pode ser que não é... ainda!

Que bela pespectiva imagino ser a das plantas depois da chuva quando aparece o sol. Devem se comunicar de uma maneira toda energética. Esse papo está meio zen, meio coisa de espiritualidades holísticas. Eu nem sei muito sobre essas teorias todas, mas energia acontece e isso já foi comprovado inclusive em laboratório. Ainda não fizeram comprovar em laboratório a comunicação das coisas que não são elementos puros, as coisas compostas são mais difíceis de reproduzir in vitro ou mesmo in natura. Elas se esquivam porque é difícil classificar as multiplicidades. Capturas pegam coisas-pessoas na unidade, na identidade. Melhor mesmo é buscar os arranjos e tentar fazer uma fala sobre isso até o infinito da vida, pois é impossível concluir um pensamento que não tem objeto fixo. Isso dificulta o trabalho científico e faz da vida um emaranhado. E quem não quer ver como se faz o emaranhado e quem não quer sabê-lo? Melhor pensar com tranquilidade que ficar refém das verdades ou das doutrinas para a verdade. Aprender é demorado e cansativo e prazeroso e sofrido, no mais das vezes: isso é! E fica meio insuportável quando se está obrigado a cumprir cronogramas. E cumprir cronogramas, nos tempos atuais, é viver normalmente! Será que os gregos, renascentistas, xãmas e outros filósofos pensam por cronograma! Parece que a história não nos fala muito sobre o tempo de fazer a vida é só sobre o tempo no qual as vidas se passaram. Entre o espaço para pensar e a ordem de produzir pode se passar muitas coisas, desde a criatividade até a cópia de si mesmo ou, como mais comumente se dá, a cópia do hegemônico. E... fico pensando, que num mundo onde o aprendizado deve ser feito no mínimo de tempo possível, quem sabe menos pode mais! Talvez o mecanismo de poder da contemporâneidade seja a capacidade de tornar puro o que é empiracamente - para dizer o óbvio - múltiplo. Aliás, a contemporâneidade tem se mostrado bem afeita a cópia de si mesma e para viajar atrás: a diferente reificação das premissas positivas. Algumas acertivas de laboratório são tão frágeis quanto algumas acertivas de opinião e preconceito. Ir além é uma questão de esforço, dedicação, tempo e muita diversão (esse último elemento - para nos fazer suspirar, para nos perspectivar: celebrações!). Paradoxos de um mundo que nos convoca para ações e reações. A física cotidianamente nos atravessa com sua lei! Mas isso não quer dizer que não possamos fazer da lei uma fábula. Pois o que é hoje, pode não ser mais. E isso a episteme da própria ciência orienta.

Outro dia do Senhor chamado X

Com jornais, locutores de rádio, televisões ligadas em muitos lugares de trânsito público. Depois de relatórios, revistas, formulários, contratos, processos. Por ter o vício das palavras e querê-las nos livros de literatura, antropologia, história, teoria, receitas, blogs... cheguei a conclusão que não dava mais para ficar calado. Porque eu estava explodindo de tanta palavra-som-cheiro-cor trombando e corroendo o corpo.  Então, resolvi que vou escrever para me manter escrevendo, nada mais. (tanta gente que escreve nesse mundo!). 
Marco, justificado pelo escrever, um desenrolar de uma palestra: 
Outro dia, quando contei para uma pessoa, de nome h, que aconteceu de  ficar nú, me pegando, sendo espaço desconhecido... h fez uma cara de nojo e suspirou e moveu a cabeça negativamente e: puh, coisa de veado! Pensei com aquilo: veados se lambem e se coçam, não era disso que eu estava falando. Resolvi não responder porque a inteligibilidade alí estava corrompida pela prática preconceituosa de h. Não poderíamos dialogar sobre fazer de si algo mais do que uma ideia (bem tênue, aliás) de identidade. Tem pessoas que só conhecem uma nota musical, infelizmente! Mais dó, ré, mi, fa, sol, lá para esses donos de si! Aliás, mais sustenidos, também.
Então, resolvi que vou escrever para me manter escrevendo, nada mais. (tanta gente que escreve nesse mundo!). 

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

quase sono, quase terror

Quando acordou de um sono quase sono, os acontecimentos da noite passaram para um pensamento sobre.
Despertou na madrugada com o sobressalto de um ruído que supunha se localizar na cozinha e não conseguiu voltar a dormir sem deixar os olhos abertos e a mente desperta por longos minutos. Olhava para o espelho que estava diante da porta esperando que alguém entrasse e toda uma situação de violência se instalasse. Como ninguém apareceu, levantou-se da cama para olhar a casa. Luz da cabeceira acionada, chinelos nos pés e investigação do medo, do pensamento de medo, que é uma possibilidade de pior, de incontrolável, de invasão, de submissão, de um não sei que imaginário que é sempre algo próximo ao horrível, horrível como substantivo! Cada passo na casa acompanhado por um não querer que esse pensamento de um possível horrível fosse uma circunstância. A chave de luz da sala e uma vista panorâmica: nada. Até a cozinha e também nada. Passos suaves até a área de serviço...porque mais escondida, mais o coração se inquietou: e nada também, nada em todos os lugares passíveis de abrigar alguém. Os lugares que tinha mentalizado durante os longos três minutos que ficara fixamente esperando através do espelho. Depois uma vista pelo banheiro e outra pelo escritório. Pensou em abrir as persianas da sacada e ter certeza do nada. Desistiu por temer e por pensar no exagero daquela última ação.
Voltou para a cama. Cobertas até a ponta da cabeça depois de apagar a luz do abajur. E, da persiana meio aberta, o movimento da árvore lá fora fazia seu pensamento fantasmagórico. Depois, mais tempo assim, pensando em como se defenderia ou atacaria se alguém entrasse em seu apartamento enquanto estivesse deitada na cama. Muito tempo pensando em todo esconderijo possível para cada lugar de possível arrombamento. Exemplo: se entrassem pela porta da cozinha: um lugar; se entrassem pela janela do quarto: problemão. Pensou tanto, que de cansaço com o absurdo adormeceu com o pesadelo de alguém segurando o corpo pelos braços, onde a força lhe faltava para desprender-se daquela angústia. Ficou um tempo naquela situação de tentar sair da prisão, quando recuperou as forças por não sei que respiração e dormiu até o despertador mostrar 6:45.
De pé, para mais um dia, além do corpo entregue depois de uma briga longa contra um pânico sem sentido, ficou a marca da existência de um pânico e a revolta de saber que os pânicos o são porque podem ser acontecimento relacional negativo.
A outra noite de sono, foi de sono e foi ótima.