Pages

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

quase sono, quase terror

Quando acordou de um sono quase sono, os acontecimentos da noite passaram para um pensamento sobre.
Despertou na madrugada com o sobressalto de um ruído que supunha se localizar na cozinha e não conseguiu voltar a dormir sem deixar os olhos abertos e a mente desperta por longos minutos. Olhava para o espelho que estava diante da porta esperando que alguém entrasse e toda uma situação de violência se instalasse. Como ninguém apareceu, levantou-se da cama para olhar a casa. Luz da cabeceira acionada, chinelos nos pés e investigação do medo, do pensamento de medo, que é uma possibilidade de pior, de incontrolável, de invasão, de submissão, de um não sei que imaginário que é sempre algo próximo ao horrível, horrível como substantivo! Cada passo na casa acompanhado por um não querer que esse pensamento de um possível horrível fosse uma circunstância. A chave de luz da sala e uma vista panorâmica: nada. Até a cozinha e também nada. Passos suaves até a área de serviço...porque mais escondida, mais o coração se inquietou: e nada também, nada em todos os lugares passíveis de abrigar alguém. Os lugares que tinha mentalizado durante os longos três minutos que ficara fixamente esperando através do espelho. Depois uma vista pelo banheiro e outra pelo escritório. Pensou em abrir as persianas da sacada e ter certeza do nada. Desistiu por temer e por pensar no exagero daquela última ação.
Voltou para a cama. Cobertas até a ponta da cabeça depois de apagar a luz do abajur. E, da persiana meio aberta, o movimento da árvore lá fora fazia seu pensamento fantasmagórico. Depois, mais tempo assim, pensando em como se defenderia ou atacaria se alguém entrasse em seu apartamento enquanto estivesse deitada na cama. Muito tempo pensando em todo esconderijo possível para cada lugar de possível arrombamento. Exemplo: se entrassem pela porta da cozinha: um lugar; se entrassem pela janela do quarto: problemão. Pensou tanto, que de cansaço com o absurdo adormeceu com o pesadelo de alguém segurando o corpo pelos braços, onde a força lhe faltava para desprender-se daquela angústia. Ficou um tempo naquela situação de tentar sair da prisão, quando recuperou as forças por não sei que respiração e dormiu até o despertador mostrar 6:45.
De pé, para mais um dia, além do corpo entregue depois de uma briga longa contra um pânico sem sentido, ficou a marca da existência de um pânico e a revolta de saber que os pânicos o são porque podem ser acontecimento relacional negativo.
A outra noite de sono, foi de sono e foi ótima.

0 comentários:

Postar um comentário