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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nota

Uns tempos que passam sem grandes consternações, outros mais comunicativos, ainda os fechadíssimos, irriquietos, dementes, os tempos de montagem no início do cinema, tempos recortados para produzir a narrativa próxima da coerência. Tempos clips de música, onde a música é o canal do movimento, tempo de filme contemporâneo onde se quebra a montagem e se monta uma espécie de memória, onde se misturam personagens mecânicos, cibernéticos, históricos, folclóricos, lendários, mitológicos, arqueológicos e por que não, genealógicos quando o filme se importa em fazer a criatividade discutir politicamente, embora eu acredite que toda a criatividade procura seu espaço de objetificação na e através dos contextos sociais e que não há um só movimento que escape de uma articulação política, mesmo quando há um esforço para “deixar a política fora disso”. Há uma diferença, nesse sentido, entre a política força, a política instituição, a política resíduo silencioso e resíduo explosivo. Há diferença entre a política em demagogia, em ideologia, em poder, em moral. Há diferença da política e da sua dobra e do seu limite. Há diferença nas potências de combate, de resgate, de encolhimento, aprisionamento, morrimento e etc, Diferença não é igual em todos os pensamentos: há diferença excludente e diferença somática. A excludente fala pelo relativismo centrado no eurocentrismo lógico, a somática fala por uma composição constante constitutiva. Ainda há diferenças dentro dos contextos de diferença e há junção de diferenças, atravessamentos, desabamentos, aprendizados, trocas, genocídios e etnocídios. Se há, como diz Foucault, o espaço das possibilidades que é demarcado e demarca as impossibilidades como lugar (existente) da não palavra, do não registro, da definição negativa, então há para o pensamento o caminho de buscar para traçar localizações várias, escrever as coisas, torcer as palavras e fazer outras coisas pelo exercício da abertura. E sobre as proteções... bem, somos mais ignorantes de nosso lugar que da vontade de entender o lugar dos outros, já escrevia Levi-Strauss na sua reflexão sobre o trabalho do antropólogo, no final de quatrocentas e tantas páginas: pois é, parece que o não julgar está inscrito no âmago da interação antropológica e o problema de julgar tem sua genealogia. Vejo a suas marcas religiosas, suas marcas de penalização. Julgar como ação não diz nada; para ampliar é forte buscar os acoplamentos. Realmente, estar em meio aos outros é perigoso para nós, pois faz desconstituição, faz confusão (no impacto) e a dúvida faz o entendimento sair do mesmo, da coisa fabricada e afirmada nos interstícios das relações. Aliás, não estarão as relações mesmas em estado de interstício?

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