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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Os Monstros e uma tal de "Dona Maçaneta"



Para Arthur, meu primeiro amigo criança depois que estou grande.
 
Com meu outro amiguinho, gostamos de nos fazer monstros e inventamos nomes de monstros e os monstros não são horríveis porque nós não o somos. Nós e os monstros duas coisas diferentes ao mesmo tempo. Esquecemos mais de nós e somos mais monstros, isso também é verdade. E caminhando por uma ponte fugíamos da “Dona Maçaneta” nossa perseguidora porta, que por ser porta de garagem tinha uma bocarra enorme e supúnhamos que queria nos engolir, supúnhamos porque não a deixamos ficar perto e corríamos na empolgação de gastar as pernas e a energia. Entre uma árvore e outra, lá estava ela pronta para nos abocanhar. Que coisa, ela quase não saia do seu lugar, mas nós a pensávamos em toda parte. Até uma música inventamos para embalar a felicidade de te-la como ameaça comum. Estávamos unidos pela nossa perseguidora e pelas aventuras de monstros. Nossos nomes de monstro: hum, não lembro bem, também tínhamos corpos não muito estranhos, no máximo usávamos barba de pau na cabeça. E tiramos fotos e corríamos ameaçando os pássaros. Até o escorregador da pracinha virou rampa de aterrisagem. Nossa história de monstro não teve final feliz porque nem teve tragédia tampouco teve final: ainda. História de uma tarde de sábado, a deixar a bola perdida para caminhar e trocar imaginações por entre caminhos curtos. Estamos até hoje com essa história, mesmo que seus detalhes tenham se perdido naquele dia, refeitos a cada encontro de nossas lembranças. Meu amigo monstro tem quatro anos e estará completando cinco em poucos dias. Meu primeiro amigo monstro desde que me conheço por gente.

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