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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A fadiga do homem chamado x

Não sem surpresa chegou ao estado de esgotamento mental que não lhe permitia sequer dormir sossegado. Sabia de uma única coisa, que quanto mais lia, menos entendia. Precisava de um tempo para poder pensar em qualquer coisa, sem ter que organizar tudo, relacionar tudo, o tempo inteiro em formato de palavra escrita. Ele queria pedir férias. Isso, férias, seriam a solução. Mas não poderia recorrerer ao expediente das férias porque só as alcançaria depois de mais três últimos textos. Textos. Três textos escritos de que forma se não suportava mais juntar um e dois? Se não poderia fazer das palavras sentidos não repetidos ou organizações descritivas com a única intenção de cobrir folha branca de letras ditas palavras, frases, parágrafos, enfim, uma coisa qualquer que não faria diferença nenhuma para si, para ninguém, um cumprimento de meta vazio e desgastante, simplesmente cansativo, muito deselegante. Pensou, que fosse assim. Faria essa organização de palavras, sem  produzir grandes relações e questionamentos, faria de uma vez botar as letras no lugar que estavam exigindo. Numa folha A4. Contudo, palavras se revoltam e ficam tão feias quando arrancadas de cabeças cansadas... que  o que se conta fica marcado como simplismo, se faz das coisas, coisas que não vale a pena escrever! O pesadelo nem tinta recebe. 
Ele deixou-se levar por uma tensão moral: fazer qualquer coisa; não fazer e preservar a importância da escrita, do pensamento, dos leitores; fazer tudo o que o pensamento permitisse, dentro mesmo de sua fadiga para sim, seguir iventando sentidos. 
Quase insuportável, ele estava com o pensamento quase insuportável! Esse, inclusive, com constantes reprovações, do tipo: por que não vais adiante e escreve logo esse nosso movimento. Ao que ele repondia que não era tão simples relacionar tantos elementos e que ademais, haveria de cumprir formalidades, organizar citações, referir bibliografia. Vamos, não deixe isso impedir sua fala, vá fazendo as palavras marcarem o toque, queira deixar as relações, demonstre livremente como nós acontecemos, realize depois os polimentos. A cabeça dele, ele, o pensamento social dele, sabe-se lá com precisão quem? respondia que estava muito cansado e que não queria tratar argumentos, problemas, questões que  o importavam, sem intesidade. Então faça com intesidade, nos faça, não nos deixe virar arrependimento de palavra não dita, que se transforma em queixa. 
... Ele precisava seguir adiante, tentar sabe-se lá que potência para continuar pensando com o mínimo de beleza. Aprendeu de tanto cansaço que tem coisas que não podem ser escritas porque não foram expulsas ainda pelos sentidos. Trabalha-se duro nessa coisa de pensar. Para quantas dúvidas não guardar como trófeu? 
Quantas impossibilidades no tempo? 

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