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domingo, 5 de dezembro de 2010

observações (in) úteis. Para alguém?

Das vidas escritas em linhas tortas, sabemos. Já foram e continuam sendo escritas. Das vidas marcadas por linhas retas, também sabemos, também continuam sendo escritas. Sobre que vidas podemos saber o que não nos foi dito por um  tipo de história, antropologia, sociologia, psicologia, filosofia, física, geografia, química, matemática? Um esforço enorme para falarmos de tantas vidas quantas percebemos possíveis e das que por muito tempo permaneceram impossíveis. Minerais, vegetais, animais, sobrenaturais: vidas e mais vidas, para todos os interesses, curiosidades, imaginações, para todas as ciências e religiões. Também há muito se faz composição de vidas e é disso que se fala hoje em dia com tanto entusiasmo nas ciências humanas e nas físicas, coisa que se falava e se fala por outros antes-ainda exêntricos índios, mas essas histórias requerem um cuidado maior, um detalhamento para que não caiam num exercício comparativo totalizador. Voltemos, então, às composições e a ideia de que todas as vidas executam perspectivas, todas pensam em perspectiva. Antes de imaginarmos distantes movimentos rituais de incorporação do outro-coisa, nos imaginemos às voltas com nossos instrumentos mecânicos, elétricos, digitais, nossos outros instrumentos corporais nos repetitivos rituais diários. "O meio é a mensagem"? Como nos indicou McLuhan. "As técnicas corporais" como representativas de "fatos sociais totais"? Como nos ensina Marcel Mauss. Corpo são, mente sã? Tal qual verbalizavam os gregos. Como se faz um corpo são, por extensão, nessa lógica, uma mente sã? Quais são os instrumentos disponíveis, indispensáveis atualmente - desde dos alimentares, das academias, suplementos vitamínicos, fármacos e tudo o que se possa imaginar para um corpo de hoje, que é demandado por quem? Não consigo responder essas questões. Inclusive porque são muitos os agentes que se comunicam com o corpo, mesmo que a mente não os reconheça como vida. Não estou introduzindo ligações cósmicas ou religiosas ou transcedentais. Falo aqui das coisas nossas de cada dia. Desde a pasta de dentes até o cachorrinho que se leva para passear nas calçadas da cidade. Como todas essas coisas fazem o corpo contemporâneo, fazem lógicas de ação, reflexão, estranhamento? Como fazem saúde e doença? Como falam todas essas coisas? Elas dizem alguma coisa ou isso é delírio pós-moderno? Não sou pós-moderna, se isso interessa. E não passo o tempo escrevendo, a escrita passa para aliviar o pensamento, a escrita como outra vida. Tudo bem, a pasta de dentes não fala, eu sei, mas os dentes falam? Ou dentes podres não dizem nada? Latour diz que a modernidade deu espaço para os híbridos porque se esforçou para localizar coisas semelhantes em grupos de similaridades. Descobrir esses nossos hibridos de pensamento, também é descobrir um pouco dessas coisas tão banais, porque cotidianas, que nos acompanham como objetos necessários. Tirar a necessidade das coisas, isso também tem me importado ultimamente. 

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