Um homem chamado x perdeu o chapéu. Um chapéu Panamá que comprara com um sorriso largo e economias de dois meses que fez deixando o ônibus e andando com os dois pés até o trabalho. Aquele seu trabalho de ler e escrever e de escutar, às vezes, vozes de pessoas em carne e osso. Essa vontade de chapéu o fez redescobrir algumas memórias. Na primeira manhã, não sabia muito bem quanto tempo levaria para chegar ao trabalho caminhando. Saiu uma hora antes para não se atrasar de maneira nenhuma, não suportava dar explicações e sempre dava explicações quando o olhavam com reprovação ou simplesmente o olhavam. Cronometrou. Contou sinaleiras. Observou o mapa de possibilidades para realizar o trajeto. E foi invadido por uma certeza de desconhecimento, afinal que região era aquela que supunha sua? Nunca vira aquela árvore entre uma casa e um edifício de oito andares; nunca aquele café de decoração bricolage; nunca o mercadinho com o colorido das frutas esperando dentadas; sem saber que haviam destruído o casarão antigo que ficava na esquina onde brincava quando criança; e aquela pastelaria ali? ele adorava pastéis; nunca vira o estacionamento no lugar do antigo cinema de filmes alternativos, rodados em madrugadas alternativas (lembrou-se de gostar de filmes alternativos); nunca imaginara o vazio da casa onde antes existira uma alfaiataria (andava para pegar os ternos do pai, pois sempre gavanha alguns trocados na volta); nunca vira um restaurante temático (ele que sempre pagava taxi para ir a um restaurante temático do outro lado da cidade uma vez por ano só, porque com o taxi ficava tudo muito caro); nunca ficou tão perdido na sua casa durante uma caminhada. Sem falar no adensamento humano que o atravessava conforme suas pernas o deixavam mais próximo do centro, onde estava o escritório. Sentiu cheiro de tinta, estavam pintando o viaduto pelo qual nunca mais passara. Sentiu cheiro de urina, isso não era novidade! E indignou-se por não haver banheiros públicos. Tinha sede, mas aguentaria porque se comprasse água na estrada, estaria subvertendo a ideia de economia para ter o chapéu. Era longe o trabalho, meia hora de caminhada e estava a cinco quadras e duas ladeiras do destino. Aquele aperto, e a raiva voltou: por que não faziam banheiros? Apressou o passo. A vontade aumentava na medida que pensava que não havia banheiros por perto. Nenhum bar nessa merda! Nenhum. Bannheiro, banheiro, vontade, passos, trabalho, prédios, carros, semáforos, pessoas, lojas, bancas de revista: um bar, pelo amor de deus! Apressou tudo que pôde. Não tinha mais o que apressar. Parou e mijou ali mesmo, de costas para a avenida e não pensou em nada, não olhou para lugar nenhum, deixou-se. Pego pelo braço. Policial o autua por desrespeito à moral e aos bons costumes. Ouve silencioso e o vermelho pintando sua face: sempre tão correto; nunca atrasado; economico; sedento; prédios; carros; sinaleiras; pessoas, velhinhas com cara de nojo; não-pode-ser; rizinhos; vendedores no limiar das lojas; que-cena-humilhante; que hipocrisia! Senhor, querias que eu urinasse nas calças? Não há banheiros por aqui! Isso não é problema meu, respondeu o policial sem tirar os óculos escuros. Mas como pode ser isso! Não defendo que fiquemos tirando os paus e mijando por aí, mas, convenhamos, mijar aonde se não existem banheiros públicos! continuou x. Por um acaso o senhor está vendo outras pessoas mijando por aí? Está? Responda seu idiota! Um homem chamado x desenha um tapa na cara do polícia e corre. Corre. Corre. Corre e a multidão atrás, atrás do criminoso. Entra na prefeitura, penetra no elevador, gabinete do prefeito, não se deixa apresentar, sem tempo para isso, a multidão gritando lá embaixo... Seu-prefeito-filho-da-puta: tá vendo essa gente? Pois fique sabendo que estão atrás de mim porque bati num policial que me autuou por estar mijando na rua. Você deve estar pensando: o policial está certo, cumpriu com seu dever. Estaria se houvessem banheiros públicos! Segurando o braço do prefeito com força: agora, o senhor irá até a janela e gritará em alto e bom tom que o senhor deveria estar sendo perseguido uma vez que não cumpre suas obrigações de administrador público, o que faz as pessoas chegarem ao extremo: a violência por causa de uma simples vontade de mijar! E não pense em não fazer isso, senhor prefeito, porque estou com uma vontade de mijar na sua cara! O prefeito falou à multidão que não entendeu nada e continuou querendo sangue. Um homem chamado x foi levado à delegacia, fichado, encarcerado por alguns dias e enfrenta dois processos. Não desistiu do chapéu Panamá e andou a pé até comprá-lo, depois... até perdê-lo.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Método para economias de um homem chamado x
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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A fadiga do homem chamado x
Não sem surpresa chegou ao estado de esgotamento mental que não lhe permitia sequer dormir sossegado. Sabia de uma única coisa, que quanto mais lia, menos entendia. Precisava de um tempo para poder pensar em qualquer coisa, sem ter que organizar tudo, relacionar tudo, o tempo inteiro em formato de palavra escrita. Ele queria pedir férias. Isso, férias, seriam a solução. Mas não poderia recorrerer ao expediente das férias porque só as alcançaria depois de mais três últimos textos. Textos. Três textos escritos de que forma se não suportava mais juntar um e dois? Se não poderia fazer das palavras sentidos não repetidos ou organizações descritivas com a única intenção de cobrir folha branca de letras ditas palavras, frases, parágrafos, enfim, uma coisa qualquer que não faria diferença nenhuma para si, para ninguém, um cumprimento de meta vazio e desgastante, simplesmente cansativo, muito deselegante. Pensou, que fosse assim. Faria essa organização de palavras, sem produzir grandes relações e questionamentos, faria de uma vez botar as letras no lugar que estavam exigindo. Numa folha A4. Contudo, palavras se revoltam e ficam tão feias quando arrancadas de cabeças cansadas... que o que se conta fica marcado como simplismo, se faz das coisas, coisas que não vale a pena escrever! O pesadelo nem tinta recebe.
Ele deixou-se levar por uma tensão moral: fazer qualquer coisa; não fazer e preservar a importância da escrita, do pensamento, dos leitores; fazer tudo o que o pensamento permitisse, dentro mesmo de sua fadiga para sim, seguir iventando sentidos.
Quase insuportável, ele estava com o pensamento quase insuportável! Esse, inclusive, com constantes reprovações, do tipo: por que não vais adiante e escreve logo esse nosso movimento. Ao que ele repondia que não era tão simples relacionar tantos elementos e que ademais, haveria de cumprir formalidades, organizar citações, referir bibliografia. Vamos, não deixe isso impedir sua fala, vá fazendo as palavras marcarem o toque, queira deixar as relações, demonstre livremente como nós acontecemos, realize depois os polimentos. A cabeça dele, ele, o pensamento social dele, sabe-se lá com precisão quem? respondia que estava muito cansado e que não queria tratar argumentos, problemas, questões que o importavam, sem intesidade. Então faça com intesidade, nos faça, não nos deixe virar arrependimento de palavra não dita, que se transforma em queixa.
... Ele precisava seguir adiante, tentar sabe-se lá que potência para continuar pensando com o mínimo de beleza. Aprendeu de tanto cansaço que tem coisas que não podem ser escritas porque não foram expulsas ainda pelos sentidos. Trabalha-se duro nessa coisa de pensar. Para quantas dúvidas não guardar como trófeu?
Quantas impossibilidades no tempo?
Ele deixou-se levar por uma tensão moral: fazer qualquer coisa; não fazer e preservar a importância da escrita, do pensamento, dos leitores; fazer tudo o que o pensamento permitisse, dentro mesmo de sua fadiga para sim, seguir iventando sentidos.
Quase insuportável, ele estava com o pensamento quase insuportável! Esse, inclusive, com constantes reprovações, do tipo: por que não vais adiante e escreve logo esse nosso movimento. Ao que ele repondia que não era tão simples relacionar tantos elementos e que ademais, haveria de cumprir formalidades, organizar citações, referir bibliografia. Vamos, não deixe isso impedir sua fala, vá fazendo as palavras marcarem o toque, queira deixar as relações, demonstre livremente como nós acontecemos, realize depois os polimentos. A cabeça dele, ele, o pensamento social dele, sabe-se lá com precisão quem? respondia que estava muito cansado e que não queria tratar argumentos, problemas, questões que o importavam, sem intesidade. Então faça com intesidade, nos faça, não nos deixe virar arrependimento de palavra não dita, que se transforma em queixa.
... Ele precisava seguir adiante, tentar sabe-se lá que potência para continuar pensando com o mínimo de beleza. Aprendeu de tanto cansaço que tem coisas que não podem ser escritas porque não foram expulsas ainda pelos sentidos. Trabalha-se duro nessa coisa de pensar. Para quantas dúvidas não guardar como trófeu?
Quantas impossibilidades no tempo?
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Algumas coisas que diziam, disseram e ainda dizem.
Me diziam que não era para falar palavrão, mas palavrão era tão bom. Me diziam que deveria ter cuidado com os ovos até que um dia, de tanto cuidado, chovia, escorreguei na lajota vermelha e não sobrou um ovo para contar história. Me diziam que para chamar boi era para falar tô... assim longo e até hoje chamo, mas eles só querem saber da fala do meu pai: santa mão que alimenta! Me diziam para não subir nas árvores mais altas, mesmo antes de eu pensar nessa vontade e ainda hoje acho algum galho para me pendurar pelas ruas da cidade, embora a força não permita grandes avanços acrobáticos. Me diziam para não falar de boca cheia e deixo a boca fechada para comer porque enquanto sinto o gosto do manjar é melhor mesmo ficar de boca fechada. Me diziam que era perigoso não olhar para atravessar a rua e é. Me diziam para não repetir a mesma palavra na mesma frase e eu pensava em sinônimos ou outros sentidos para fazer a explicação. Embora a mesma se repita dependendo da intesidade e estilística e do sentido. Depois me disseram que não era para conversar alto, mas tem coisas de mesa de família italiana que não dá para controlar. Veio um dia que falaram para usar batom e tentei, mas ficou meio esquisito e retirei a esquisitice com papel higiênico. Mais tarde também me disseram que não gostavam de batom e eu assenti com um riso garboso. Depois me disseram mil coisas para manter a saúde do corpo. Me dizem mil coisas. Até eu me digo outras milhares de ponderações, contudo conheço umas alternativas nada aconselháveis para a saúde ininterrupta do corpo. Não lembro como me disseram que quem morre vai para o céu. Mas eu vi que quem morria, ía mesmo antes para o cemitério... ficava pensando como chegavam através daquela terra toda no céu: um deslocamento e tanto! Depois asseveraram que não havia céu. Depois que havia espíritos que reencarnavam. Depois resolvi ouvir Hell Bells do AC/DC e continuei nessa crença junto àquela de Shakespeare que "há mais coisas entre o céu e terra do que sonha nossa vã filosofia" e por aí estou descobrindo algumas outras falas. E quando na primeira comunhão o padre perguntou: "existe inferno?", lentamente estiquei o braço e o meu sim ecoou na igreja matriz onde as crianças estavam para doutrinação. O mesmo padre: "por quê?" ao que ele mesmo respondeu: "porque tem céu! Afinal vocês não sabem que para existir deus precisa existir diabo?". Naquele dia fui para casa pensando no diabo, mas rezei pelos meus inúmeros pecados antes de adormecer. E quando a freira irmã diretora nos disse que éramos os diabos pelo conteúdo de nossos desenhos profanos. Não rezei mais. Me disseram que os sonhos falavam do inconsciente e descobri que também contam umas histórias que se significam, que independem do meu estado pregresso, bem pregresso. E continuei sonhando até afundar na areia de uma ilha no norte do país com sapatos de saltos pretos segurando malas: uma coisa Tieta apareceu, será por pregresso televisivo? E me disseram que era para ser honesta quando uma televisãozinha de plástico apareceu na gaveta da estante do quarto de visitas. Me disseram com tanto amor que morri de vergonha de ser desavergonhada. Me disseram para não mentir, mas eu - às vezes - omito. Me contaram a história do encontro dos meus amigos e até hoje a história recebe mais um detalhe durante conversas em quatro ou cinco ou seis ou mais, dependendo dos convidados. Me disseram para não contar tantas coisas de dizer por aí, mas eu conto, por que não?!
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domingo, 5 de dezembro de 2010
observações (in) úteis. Para alguém?
Das vidas escritas em linhas tortas, sabemos. Já foram e continuam sendo escritas. Das vidas marcadas por linhas retas, também sabemos, também continuam sendo escritas. Sobre que vidas podemos saber o que não nos foi dito por um tipo de história, antropologia, sociologia, psicologia, filosofia, física, geografia, química, matemática? Um esforço enorme para falarmos de tantas vidas quantas percebemos possíveis e das que por muito tempo permaneceram impossíveis. Minerais, vegetais, animais, sobrenaturais: vidas e mais vidas, para todos os interesses, curiosidades, imaginações, para todas as ciências e religiões. Também há muito se faz composição de vidas e é disso que se fala hoje em dia com tanto entusiasmo nas ciências humanas e nas físicas, coisa que se falava e se fala por outros antes-ainda exêntricos índios, mas essas histórias requerem um cuidado maior, um detalhamento para que não caiam num exercício comparativo totalizador. Voltemos, então, às composições e a ideia de que todas as vidas executam perspectivas, todas pensam em perspectiva. Antes de imaginarmos distantes movimentos rituais de incorporação do outro-coisa, nos imaginemos às voltas com nossos instrumentos mecânicos, elétricos, digitais, nossos outros instrumentos corporais nos repetitivos rituais diários. "O meio é a mensagem"? Como nos indicou McLuhan. "As técnicas corporais" como representativas de "fatos sociais totais"? Como nos ensina Marcel Mauss. Corpo são, mente sã? Tal qual verbalizavam os gregos. Como se faz um corpo são, por extensão, nessa lógica, uma mente sã? Quais são os instrumentos disponíveis, indispensáveis atualmente - desde dos alimentares, das academias, suplementos vitamínicos, fármacos e tudo o que se possa imaginar para um corpo de hoje, que é demandado por quem? Não consigo responder essas questões. Inclusive porque são muitos os agentes que se comunicam com o corpo, mesmo que a mente não os reconheça como vida. Não estou introduzindo ligações cósmicas ou religiosas ou transcedentais. Falo aqui das coisas nossas de cada dia. Desde a pasta de dentes até o cachorrinho que se leva para passear nas calçadas da cidade. Como todas essas coisas fazem o corpo contemporâneo, fazem lógicas de ação, reflexão, estranhamento? Como fazem saúde e doença? Como falam todas essas coisas? Elas dizem alguma coisa ou isso é delírio pós-moderno? Não sou pós-moderna, se isso interessa. E não passo o tempo escrevendo, a escrita passa para aliviar o pensamento, a escrita como outra vida. Tudo bem, a pasta de dentes não fala, eu sei, mas os dentes falam? Ou dentes podres não dizem nada? Latour diz que a modernidade deu espaço para os híbridos porque se esforçou para localizar coisas semelhantes em grupos de similaridades. Descobrir esses nossos hibridos de pensamento, também é descobrir um pouco dessas coisas tão banais, porque cotidianas, que nos acompanham como objetos necessários. Tirar a necessidade das coisas, isso também tem me importado ultimamente.
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Prefácio à discussão para uma memória obscena
A memória pode ser um lugar de relações obscenas. Pelo menos uma das memórias que conheço, bem próxima por sinal, relaciona assim porque encontra coisas diversas para tentar entendimento. E o diverso guarda uma potência de obscenidade na não medida, no confronto, sempre algum desentendimento como força de guerra. Uma guerra de colocar as partes para fora, de tocar, amassar, perfurar, estraçalhar, juntar pedaços, fazer configurações depois que uma linearidade narrativa se perdeu na ferida de um arranhão ou num corte profundo. Quando se faz o conflito, rasga-se algo do passado, às vezes porque é sobre ele que se invoca a legitimidade de algum dos lutadores ou de todos os envolvidos, às vezes porque o passado é tudo o que mobiliza com certa segurança argumentativa. Afinal, não se trata de duelar com espadas que fizemos hoje para discutirmos pensamentos que atravessam agora, trata-se de fazer pistolas para matar em nome de. E o NOME invocado é nação, pátria, um deus, é um nome de passado. Daquele lugar que não faz mais parte da maioria das vidas que vestem a farda para dizer o quê não pode ser! e quanto mais longe o lugar deixado para o passado, mais obscuro e mais difícil de ser contestado com força de quebra, pois que está protegido por àqueles amordaçados de "razões". Então, para mentes duras, razões obscenas!!! E invoco um "homem" de outro espaço material, Sade, para marcar que o passado pode estar lá, mas que está sempre bem dentro quando nos propomos à algum exercício de fabricação com múltiplos. Memórias estão obscenas porque também podem e devem (na minha contente vontade) se relacionar intesamente com tudo!
P.S: Sim, dos perigos... sabê-los durante a relação e não somente por regramento. Porque as regras também e muito produzem seus grandes! perigos.
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
Sem título.
Antes de tudo escolho o tamanho das letras, depois o tipo. É bom escolher e não tem critério algum, pura arbitrariedade de um pensar vago, pois o texto é só uma possibilidade, o texto se faz - pelo menos - nesses meus casinhos desinteressantes - durante o fazer, alguma ideia antes, às vezes duas ou três palavras pólvora, sem fogo. Acendo a dinamite ou a vela ou lâmpada quando escolho o tamanho e a forma. Por que isso hoje? Porque estava pronta para escrever sobre dissonâncias, não, não bem isso; mais para desconfortos. Preparei um bilhetinho enquanto estava na cozinha passando um café e vendo a chuva molhar a pia, sem me importar por não ter uma louça limpa para ser molhada e os cactos todos eles ali recebendo respingos depois desses dias de calor, dias de calor - sufoco e saia e camisa e laterais de sombra, com sombra, sob sombra deixando as pernas dentro para não queimar. Essas coisinhas se fizeram sozinhas, de memória, de sentido e junto memória + sentido + aquilo que também digo que aconteceu. E chego no antes desse preâmbulo invasivo: se pode dizer das coisas, mas saber... talvez por instantes. E mudo abruptamente o rumo da prosa, mas sem mudar muito o desespero. Tento pensar como, o quê meus contemporâneos dizem, a partir de filmes e livros de seres de outro planeta, me soa tão grosseiro. Seus seres fantásticos são de uma violência a todo tempo dominação, miséria, um conflito marcado por uma história pobre, fazendo da história toda a sua pobreza. Não é a história que estraga é não saber fazê-la de outros. Vide outras histórias de outros para fazer diferente. Voltando aos aliens... tão aparentados com os demônios desenhados nos livros medievais, tão demônios ainda hoje, com tanto tecnicolor; chego a ficar com olhos verdes mirando as películas e me transformo em preguiça, menos em monstro. Mais uma: são sempre armados e atiradores cheios de vitalidade, sem nobreza. Lhes falta mesmo estar fantásticos.
Justifico o texto e por vezes aciono cores para as palavras.
P.S: tem uns outros personagens que andam me convidando para uma festinha. Vou me arrumar e numa próxima fofoco o encontro.
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Entre a vontade e o estar: uns trocados.
Uma mansidão de dia cheio de luz e brisa. Aquela vontade de não ter nada por fazer para fazer tudo e nada em qualquer momento. Sair de uma aula, correr para buscar aquele livro encomendado, parar para ler ao menos a introdução tomando uma cerveja, mas a cerveja está cara em todos os botecos, bares, cafeterias e variações de estabelecimentos da redondeza. Também não interessa caminhar quilômetros para encontrar algum lugar que valha o valor do líquido dourado, do prazer de não ter que esperar a cerveja gelar no congelador, de fazer o lugar da vontade agora! O rádio, na manhã seguinte, também ensolarada, diz que a demanda pelo líquido está maior do que a produção, regra básica de economia: demanda > produção = não conseguir pagar a cerveja sentada na mesa de qualquer bodega mais ou menos digna de uma leitura. O supermercado também oferecendo preços altos para possíveis relaxamentos e outra notícia dizendo da avaliação da futura presidenta sobre o aumento do salário mínimo. Quem nem mínimo tem, espera outro pronunciamento sobre reajustes em bolsas de estudo. Estudar para beber, beber em intervalos para estudar alguma forma de fazer com que a regra básica de produção capitalista seja regra básica de concretização de desejos.
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Os Monstros e uma tal de "Dona Maçaneta"
Para Arthur, meu primeiro amigo criança depois que estou grande.
Com meu outro amiguinho, gostamos de nos fazer monstros e inventamos nomes de monstros e os monstros não são horríveis porque nós não o somos. Nós e os monstros duas coisas diferentes ao mesmo tempo. Esquecemos mais de nós e somos mais monstros, isso também é verdade. E caminhando por uma ponte fugíamos da “Dona Maçaneta” nossa perseguidora porta, que por ser porta de garagem tinha uma bocarra enorme e supúnhamos que queria nos engolir, supúnhamos porque não a deixamos ficar perto e corríamos na empolgação de gastar as pernas e a energia. Entre uma árvore e outra, lá estava ela pronta para nos abocanhar. Que coisa, ela quase não saia do seu lugar, mas nós a pensávamos em toda parte. Até uma música inventamos para embalar a felicidade de te-la como ameaça comum. Estávamos unidos pela nossa perseguidora e pelas aventuras de monstros. Nossos nomes de monstro: hum, não lembro bem, também tínhamos corpos não muito estranhos, no máximo usávamos barba de pau na cabeça. E tiramos fotos e corríamos ameaçando os pássaros. Até o escorregador da pracinha virou rampa de aterrisagem. Nossa história de monstro não teve final feliz porque nem teve tragédia tampouco teve final: ainda. História de uma tarde de sábado, a deixar a bola perdida para caminhar e trocar imaginações por entre caminhos curtos. Estamos até hoje com essa história, mesmo que seus detalhes tenham se perdido naquele dia, refeitos a cada encontro de nossas lembranças. Meu amigo monstro tem quatro anos e estará completando cinco em poucos dias. Meu primeiro amigo monstro desde que me conheço por gente.
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
Eu não tenho culpa, ora essa!
Queria saber se estavas acordada. Sim, mais ou menos. Quero conversar contigo. Tchau. Tchau.
Quando a hora marcada para a conversa se aproximava quem não desejava que o tempo chegasse, correu ao banheiro, trancou a porta e ligou o chuveiro. Também era necessário o mínimo de asseio depois de uma noite cheia de cheiros. Limpeza para uma conversa que supunha ser também sobre limpeza. Correr, correr é o melhor para fazer crescer, uma vez que os desejos dos outros também batem na porta para impor certos-muitos rigores.
Quem telefonou para falar sério, aguardava no corredor, com um copo d´água nas mãos e cara de mãe preocupada e decepcionada e irritada e um olhar de canto de uma filha que pensava "será que teremos alguma palavra nova nessa conversa séria que tantas vezes já foi séria?" Porque sempre há a possibilidade de uma invenção e se isso acontecesse, seria para uma solução drástica, pois as falas anteriores já haviam chegado no ponto: internação. Sempre o espectro da internação e aquela chatisse de que se fosse, seria uma argumentação à favor, cheia de outras respostas contra, de um lado um falando russo de outro falando japonês e aquele que falava russo só em russo e aquele que falava em japonês só em japonês. Todos os lugares preenchidos sem relação com a situação, a remarcação de um princípio insistentemente ativado. Não houve surpresa nas palavras, mas na forma. Uma intensidade de troca. O princípio em suspenso, pois é mais difícil julgar quando o outro olha no olho com segurança e não se tem tanta certeza de que crime cometeu. Foi falado em problema, em não saber parar, em imagem - afinal, domingo até tarde sabe-se-lá-com-quem? - bêbados e inconsequentes e se qualquer acidente fizesse um estrago na familia, uma tristeza de filho morto ou prejudicado ou qualquer coisa. E... se eu estivesse como pais eu estaria dizendo a mesma coisa, mas o que posso fazer com essa vontade de loucura, não quero arrancar e quando vejo tudo está acontecendo e fico dentro e brinco e, mais do que nunca, pouco me importo porque me importo demais com tudo desse mundo das classificações, afinal - não deixo de assumir e ir até os limites da responsabilidade. Tudo bem, mas precisas de ajuda, talvez possamos fazer alguma coisa, algum tratamento. Não, por favor, não estou precisando de controle, mais controle, já estou cheia de tanta moral fazendo as vezes de razão. Mas te comprometes a não exagerar? Se é assim, se é por vocês, sim porque por mim, às vezes, tenho mesmo que mandar tudo à merda! Vamos lá, vamos cuidar da preocupação daqueles que gostamos, ser filho é bem difícil também, tanto quanto amoroso.
Descemos e almoçamos e conversamos sem constrangimento. Teve até pudim de sobremesa... talvez mais dois ovos para diminuir o gosto de amido de milho,outra receita para desviar da ressaca.
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Perguntas de 06 de outubro de 2009
O quê acontece quando o buraco me completa?
Quando o pensamento não aporta e navega, sem rumo, por oceanos aéreos?
Quando não é o parar uma possibilidade?
Como respirar pelo canto do olho sem entristecer-se?
Como bater a própria cabeça na parede sem agitar-se, no dia seguinte, ao observar a casca de sangue junto à pressão craniana?
Como fazer antes de preocupar-se?
Como fazer e fazer e resolver no tempo a angústia desgovernada?
Como acabar com as expectativas do querer, com as vontades, com os planos?
Como não querer?
Algumas perguntas valem a pena e literalmente: merecem ser escritas; outras não provocam bons encontros, mas mesmo assim deixei elas aí porque elas também aconteceram.
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domingo, 17 de outubro de 2010
Final de semana com os amigos:
Saindo para passear só com o pensamento e pelo pensamento. Tentando sair para passear porque o escritório da cabeça tranca as portas com severidade e não deixa nada passar sem estardalhaço. Tem gente lá dentro que bate na porta desesperadamente para tomar um ar, caminhar no sol, fazer qualquer coisa diferente de concentrar; outras pessoas lá dentro, juntam cadeiras e dormem, dormem para não continuarem trabalhando segundo as ordens da chefia; tem ainda os que fazem festinha, desviam e depois ficam procurando o entendimento entre um canal e outro de televisão; e àqueles controladores, com suas agendas, gritando continuamente que as atividades não estão concluídas! (esses são irritantes, muito irritantes); sem falar nos namoradores... hum... distraídos, desinibidos, proibidos; os conspiradores - agitados e astutos; os istos e aquilos; também àqueles que leem e escrevem e confundem e produzem. Saindo para passear dentro de casa com todo esse povo, num final de semana cheio de coisas para terminar, coisas para segunda, para ontem e... essa gente!
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terça-feira, 5 de outubro de 2010
Argh,
vivendo num espaço composto de nós. não muito satisfeita com essas presenças estranhas tão dentro, tão intensas, tão alheias. pensava nos fantasmas, mas logo suspirava, depois de olhar para os lados ou confirmar de alguma outra forma, que continuavam como fantasmas... contente então eu com os fantasmas. Por motivo de prazer alguns deles resolveram deixar o lugar da imaginação, das configurações e passaram a ter forma e exigir outras imaginações e outras configurações, deixaram de produzir sustos para provocar preocupações. de algumas bocas é possível ouvir que nada é irreversível, tanto para as coisas boas quanto para as ruins. mas das mesmas bocas nunca chegam as intensidades da máxima. talvez porque deixaria a máxima, mínima: singular, mais forte. quem disse, que se está preocupado nesse mundo de moral com força... estão todos preocupados mesmo é com o que os outros deixam de fazer de acordo com as prisões de cabeças e mais cabeças famintas. por que não escolhem outros pratos? por que esperam sempre a hora certa de furtar a refeição que não prepararam? E quanto pior o sabor, mais prazer experimentam - essas bocas de moral. Eu quero mesmo é comer longe dessa gente que está protegida pelo conceito de sociedade (conceito que não define nada, portanto esconde muito bem) e vê-los todos chegarem no ponto da canibalização... são tão venenosos que com certeza acabarão se anulando. Esses covardes, nesses lugares podres.
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Eu quero, tu queres, ele quer... nós queremos!
Que é isso que perturba e não tem nome? Que lugar ocupa dentro do corpo? Porque incomoda os pensamentos e deixa a atitude irritada. O que é essa coisa que me faz estar indisposta com qualquer frase acabada cheia de sentidos velhos ou razões duras? Essa vontade de andar e andar e andar e não cumprimentar ninguém dos conhecidos, não porque perderam sua potência de afetar e sim quando ficam mais invasivos porque estou no lugar onde tudo entra. Ficando perigosa essa minha vontade de não estar em nada, flertando com a vontade de ficar perdida entre as palavras de autores, resmungando ao som dos músicos, cheia de idéias entre um bom roteiro e outro. Só querendo do mundo as minhas vontades e sabendo que assim, só tenho poucas vontades que já são tantas. Quero os desconhecidos encostados nas paredes com seus copos depois que nada deu certo e que tudo foi muito bem obrigada. Quero os noturnos que deixam pegadas sem serem notados e não passam perfume e nem pretendem mudar o mundo. Quero aqueles que pensam por prazer e sofrimento e desviar dos que pensam por muita inteligência, aqueles que pensam porque não há outra coisa a ser feita na vida além dos acontecimentos. Quero a xícara de chá com o cabo quebrado que ninguém usa, quero o que ela deixou de ser para guardar qualquer coisa que sirva para transformá-la. Quero um copo de água da fonte, sem sentir o gosto de tratamento da departamento de água e esgoto, quero ficar longe dos departamentos mesmo sabendo que as pessoas aí também podem resolver algumas questões com gentileza e conhecimento, quando a burocracia deixa aparecer uma fresta do que ela pode significar além dessa merda de fazer as gentes reunirem coisas para chegar num fim sem caminhar. Quero sentir cada pedra do caminho, quero sentir quando piso na água, na areia, na grama, quando cravo o pé no espinho, quero estar onde estou apreendendo. Eu quero viver mais com vinho e espumantes quando eu bem entender... depois do almoço numa sexta-feira enchendo a cara com meu pai saindo pela cidade a procurar qualquer coisa, rodar, conversar absurdidades e chegar até a mesa onde o sanfoneiro bebe o vinho do homem que cuidou do parreral e enfeitiçou as uvas. Chegar sem saber no final e começar por intesidade, por contentamento.
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Voltando aos poucos
Me perdi da escrita por um tempo porque perdi a noção do próprio tempo. A vontade de marcar sentidos, pensamentos, deixar as imagens através das palavras, essa eu não perdi e fiquei inquieta, cheia de coisas dentro e sem ter como sentar e dar espaço para o fazer. Aconteceu que muitas dessas coisas do pensamento, agitadas por suavidades também brutalidades, estão pela memória esperando outros acontecimentos para voltarem com força de expressão. Tenho que ser persistente para não deixá-las abandonadas por aí, apesar que eu sei que elas sabem se cuidar muito bem e precisam de movimento não de mim, necessariamente. De tudo isso, estive duas semanas num lugar de livro escolar: para a pessoa que nasceu no sul do Brasil. O avião, além de me despejar dentro da bacia do rio amazonas, me conduziu por lugares de pensamento topográficos... se passa por muitas imagens e não se sabe o que é e ao mesmo tempo se fica sabendo de alguma coisa, mas sem a precisão da classificação. Escrevo porque acredito que podemos falar atrás, através, além da precisão, pois faz pensar e deixa o coração alegre, menos angustiado em fazer do que apreendemos registro através das categorias estabelecidas. Claro que pesquisar com calma o estabelecido pode conferir maior poder para o fantástico das imagens, dos sentidos. Reservo esse trabalho para outro momento, como para outro momento ficarão os detalhes dessa Amazônia das coisas do inacreditável. Porque ver um rio sem poder encontrar a outra margem é, se não inacreditável, de encher os olhos com água doce! Começo a escrever e a vontade é ficar por aqui mesmo, configurando esse aperto de olhar, ouvir, salivar, cheirar, imaginar e ar e ar e ar: meu respirar...
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atravessamentos
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quinta-feira, 17 de junho de 2010
amigos silenciosos
Em volta, a mudança na disposição das coisas transformaram o nosso diálogo. Os livros falam entre si de outra maneira porque estão dispostos em prateleiras outras. São amigos? Inimigos? Concordantes? Contraditórios? Sobrepõem-se e somam-se e anulam-se? Essas pessoas todas mancomunadas na calada da noite, cochichando sabe-se lá o quê! Das revoluções, transcendências, imanências, decadências, heroísmos e atavismos e tanta coisa mais que tenho que trabalhar para comunicar-vos os ruídos dessas corujas na minha cabeça. Essa é uma notinha de lembrança, será que ela deveria ficar aqui? Por enquanto, vai sim.
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brevíssima nota.,
sobre pessoas e livros
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Alex, alex, ALEX:
espreitar teus recantos para produzir uma expressão de desconforto. Entender exercícios de resistência, mas deixá-los ao abandono. Porque saber de outro é nunca saber, mesmo quando muita coisa já aconteceu. uma conjunção de potencias a discutir forças. forças singularizadas, àquelas de entortar raízes. sem paragrafar para grafar um momento que: gostaria fosse uma multidão de sentidos. Nem sonho agora me acomete e tão ficsionada nessa realidade de afetividade. Uma não questão de agüentar nem dormir: susurros de rabiscos. ouvindo, ouvindo, ouvindo... quando da crise intelectual, mais ouvindo na música um alento de fraternidade.
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quarta-feira, 24 de março de 2010
continua...
Uma vida de sustos. Arrebentar o corpo, sim, é para isso que insistimos. E descobrimos mil coisas diferentes para festejar e rasgamos os nervos de vontade e sabemos que tudo acaba para um interesse exíguo. Tudo, agora, acaba sem tremas. Eu, tremia com tremas. Novamente tremer de amor e por hoje, como, recadinho de geladeira, deixar para amanhã. Eu te amo! Eu te amo, com todas as pontuações da língua portuguesa. Tu ainda me fodes, por estar tão idiota e me dever as emoções da tua sanidade e da tua loucura. Piada.
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digitado letra por letra.,
sofrimento
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Suportar ou não, eis a questão:
![]() |
Alexander Pivato |
Não suporto sapatos apertados; ressaca; caras feias. Não suporto a barulheira e a sujeira das reformas em edificações; o lixo das ruas e das cabeças; o calor de quarenta graus em Porto Alegre. Não suporto parar de fumar, mas estou me torturando; deixar de beber no meio da festa, porém me obrigo para não esquecer de mim; marcar encontro no Odeon e tomar o chop sozinha, não pelo chop, mas pela expectativa de conversar com alguém. Não suporto comida sem tempero, fria, mal feita porque não posso com pessoas que fazem as coisas sem imprir sentido (que seja qualquer sentido - para marcar uma potencialidade de discussão); cerveja quente no Brasil; vinho azedo e gente apoiada no balcão com ar de superioridade. Não suporto conversas sobre negócios, pois nesses momentos todos parecem estar muito bem financeiramente, todos parecem saber perfeitamente a fórmula do sucesso, todos parecem tranquilos com os cafezinhos ou com a rodada de bebidas e todos efetivamente ignoram a conta no final. Não suporto notícias sobre a situação nacional porque o nacional é tão Brasília; representantes estudantis com palavras de ordem copiadas e coladas de cinqüenta, sessenta anos atrás (o problema não está nas palavras do passado, mas na atitude de cópia); políticos oportunistas que aprendem a piscar os olhos na hora certa, abraçar, acenar, apertar as mãos e sair sem responder as questões. Não suporto ser atravessada por perspectivas mesquinhas: eu uso tal, tu usas tal, ele/ela usam tal, nós usamos tal e se usares outra coisa: olhares de desprezo, risinhos cínicos. Às vezes eu não suporto gente! E não me suporto por insistir em desvendar vida e por falhar, falhar em cada palavra.
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06:28
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prelúdio da revolta.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Perdi a âncora desde que aprendi a andar e gargalho!
![]() |
Alexander Pivato |
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para Ian.